Responde-me!
...Tal como um viajante que vai para a estrada antes de partir, que olha o céu nocturno sem nuvens, com lua cheia, ou com as estrelas!...(Que Venera/honra/respeita/corteja/glorifica todas as vírgulas e todos os seus suspiros.)
Nessa noite esse viajante, perdeu a revelação! Sacudiu o que não queria da sua alma para perceber realmente o que tinha. Concluiu que felizmente não tinha nada...nada... (in)variavelmente abordou e relativizou tudo, de forma a perder-se na saudade daquilo que nunca teve.
...Porquê?
4 Comentários:
Um dia disseram-me que o nada resultava do tudo que já se teve. Disseram-me que o nada consiste em perceber o que fica depois do que se aprende. Disseram-me que o nada é a fruição no expoente máximo.
O nada é a perfeição e o deleite da essência. É um céu nocturno sem nuvens, com lua cheia e com estrelas. Com vírgulas e suspiros. Com revelações ou falta delas. É a saudade do que nunca se teve.
Porque é o tudo.
Ao pensar nos opostos nada/tudo lembro-me invariavelmente nos opostos leveza/peso em "A insustentável leveza do ser" de Milan Kundera... O insustentável vazio do ser?
Camarada, o meu blog tem uma nova casa... blog.naocoisas.com.
Preciso de feedback sobre esta nova casa ;)
Abraço,
Tiago
Perdes a revelação no desespero. (Tocas esta mão, do outro lado do espelho...)
Ofusca-te, atordoa-te, não te deixa ver o visível e o invisível. Os laços próprios da essência (...e a essência está no sentimento...), os caminhos de fogo.
Ficaríamos, os dois, no centro do fogo, lembras-te? Mas tens medo. E é natural. E enroscas-te em ti. E é natural. Esqueceste que morres todos os dias e que renasces todos os dias: na fé, no amor, no desejo, na dor.
Enroscado em ti, a tentar conservar um pouco de calor, a afugentar o medo, consegues olhar directamente e ver como pela primeira vez? A revelação... Olhar directamente e ver como nunca fora visto... Big bang ou a criação do mundo.
Sacudi da alma o que não quero. Finalmente.
Trespassados pela nossa própria exactidão (solidão?), despidos para connosco, julgamos tocar o nada. Mas o que chamamos o fim é muitas vezes o início e a taça enche e transborda de tudo o que queremos, de tudo o que procuramos, quando olhamos o céu puro de nuvens e chamamos pelas estrelas com a força da ancestralidade.
Preferencialmente tudo, Pedro. Mas sim: temos que conhecer o nada para tocar a plenitude de SER, de SENTIR, de transcender o estar...
Saudades do bem que não tivemos? Sem dúvida. Tantas! Sempre. O sonho, o desejo, a prece obscura...
Porquê?
A Sophia manda soprar-te a resposta:
"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
(...)
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão
Porque os outros se calam mas tu não
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo
Porque os outros são hábeis mas tu não
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não."
(Sim, Pedro, estou a precisar de ti.)
Em alguns momentos da vida, temos que nos assumir como viajantes, adquirimos um bilhete de ida cujo destino é a nossa interioridade e fazemos uma espécie de desintoxicação, separamos o trigo do joio, mas temos sempre reservado o bilhete de volta, e nem sempre trazemos excesso de peso na bagagem, por vezes vimos vazios, carregados de nada, de saudades ocas e de mãos a abanar…
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